quarta-feira, 28 de julho de 2010

Ciclo de filmes no Cineclube Beloca


Ontem terminou o ciclo de filmes no Cineclube Beloca com o tema "Felicidade desesperadamente" do qual fui o curador. Na verdade, a escolha dos filmes ficou sob o encargo dos principais organizadores do Cineclube, a Alice e o Fritz, a quem eu quero agradecer de coração o convite e a oportunidade para apresentar meu trabalho. Foram quatro filmes apresentados. O primeiro, "Tartarugas podem voar" é um filme iraniano de meados dessa década, após a invasão norte-americana no Iraque. Trate de um grupo de jovens refugiados curdos que viviam em tendas com muitas dificuldades. Há um contrate interessante no filme entre as principais personagens. Os jovens que, apesar das dificuldades e do sofrimento, procuravam por meio da solidariedade a alegria da vida, mesmo perdendo os dois braços com a explosão de uma mina terrestre, pois ganhavam a vida desarmando minas militares e vendendo-as para comerciantes locais e, de outro lado, a menina que foi estuprada por militares iraquianos e que teve a sua família morta e, como resultado, teve uma criança que nasceu cega. Os horizontes da felicidade se apresentam para todos, mas para alguns o horizonte está mais distante, enquanto para outros mais próximo. Porém, muitos dos que vislumbram o horizonte mais distante não abdicam da possibilidade da felicidade, mesmo em situações as mais bizarras possíveis, enquanto outros, que estão muito próximos desse horizonte, não conseguem visualizá-lo e vivem na infelicidade. No caso da menina, devido às suas condições subjetivas e objetivas, o horizonte da felicidade se encontrava muito, mas muito distante e acabou fazendo a opção mais do que já explicitada por Albert Camus, pelo suicídio e o assassinato de seu filho ainda criança. Porém, os demais, não abdicaram da possibilidade de felicidade e a afirmavam diversas vezes, mesmo sob as mais severas condições de vida. O segundo filme, "Ensina-me a viver", do início dos anos 70, trata da história de um jovem de classe alta que tem um comportamento mórbido. Talvez por tédio, talvez por tentar encontrar sua individualidade, mas nunca para tentar a busca da felicidade. Simula suicídios diante da mãe, que já conformada com o comportamento do filho torna-se indiferente. Como gosta de frequentar velórios e enterros, encontra uma idosa que daí a poucos dias irá completar 80 anos de idade. O filme é carregado nas tintas da contra-cultura do final dos anos 60 e, desta forma, a idosa, Maube, tem um comportamento de liberdade, pela liberdade e para a liberdade que, aos olhos do presente, mais parece insensatez. Ela furta automóveis e trafega pelas ruas das cidades e pelas estradas em alta velocidade, ludibriando os policiais. Tem dentro de casa, que é um vagão de trem abandonado, uma diversidade de objetos que coleciona, como o banjo que deu de presente a Harold, o rapaz do filme, até uma vagina feita de madeira e desproporcional, que convida Harold para tocá-la e senti-la, assim como um aparelho de respiração que simula o cheiro da neve. Sua estravagância contagia o rapaz que acaba se apaixonando por ela. Elas dormem juntos e ele a pede em casamento. Porém ela já tinha previsto que no dia em que completasse 80 anos ela se suicidaria. Dito e feito, para a tristeza de Harold que, nem por isso, abdica do ideal de liberdade e autonomia proposto pela contra-cultura. Abandona seu comportamento mórbido e termina o filme caminhando sob um campo gramado, tocando umas notas musicais no seu banjo. Convém ressaltar que em uma determinada passagem do filme a câmera mostra o braço da idosa Maube com números tatuados, o que indica que era judia e que teria sido uma sobrevivente dos campos de concentração nazistas. O terceiro filme é de Orson Wells, "Cidadão Kane", que conta a história de um garoto pobre que transfere por meio da ganância a sua busca pela felicidade. Ele se torna um importante homem público dos meios de comunicação norte-americanos, com poder, prestígio e muito dinheiro. Estabele relações superficiais com as pessoas, as manipula em um jogo de "verdades e mentiras" em seus jornais, mas acaba morrendo infeliz. No momento de sua morte pronuncia a palavra "rosebud". Essa palavra misteriosa, propositalmente colocada na boca da personagem por Wells, remete a infância de Kane, e a sua busca incessante durante toda a vida para recuperar suas sensações felizes durante sua infância pobre, quando possuía um par de esquis a que dera o nome de "rosebud". Buscou por toda a vida a felicidade no exterior e no final reconheceu que ela estava dentro dele, nas suas recordações de infância, que nenhum poder, prestígio ou dinheiro poderia resgatar. O quarto e último filme, apresentado ontem, "As duas faces da felicidade" é francês, do início dos anos 60. É um filme sartriano, existencialista, que trata da noção do amor necessário e do amor contingente. Uma família bem estruturada e feliz. O marido é marceneiro e a esposa costureira. Duas crianças lindas e calmas. Uma casa simples, mas bem estruturada. Boa vizinhança, bons amigos, boa família etc. Porém, em um trabalho fora da cidade, ele se apaixona por uma funcionária dos correios e passa a se relacionar sexualmente e afetivamente com ela. Ele afirma que está acumulando felicidade, que é capaz de amar mais ainda a sua jovem esposa, da qual não tem intenção de se separar. Em um dia ensolarado, em um parque, muito sinceramente relata para a esposa sua experiência e afirma que está mais feliz do que antes. Ela se suicida. Ele se entristece com a morte da mulher, mas poucos meses depois passa a viver com a amante, que assume a responsabilidade por seus filhos, sem remorso ou culpa. Fim da estória: a imoralidade está em Therese, a esposa que não aceita o amor contingencial e com o suicídio renuncia à felicidade. Bem sartriano...
Enfim, para um pequeno público que achei interessado, fiz a seguinte reflexão. Disse que arte e filosofia estão intimamente ligadas. O cinema, como forma de expressão artística, não deve ser visto como uma reprodução da história, mas como uma leitura de todos os que participam de sua elaboração, especialmente o diretor, da realidade, um ponto de vista sobre a verdade e, desta forma, é possível, por meio do filme, contextualizar um viés do contexto cultural da época em que foi rodado o filme. E é nesse momento que é possível estabelecer uma relação com a filosofia. Comecei citando superfialmente, como farei aqui, pois lá o tempo era exíguo e, aqui, o espaço, Schopenhauer que escreveu que viver é estar entre dois polos, a dor e o tédio. A vontade metafísica pensada por Schopenhauer faz com que o ser humano deseje sempre algo que não está tão facilmente ao seu alcance e, durante o desejo, sofra a dor. Quando atinge seu objetivo e passa a possuir o objeto desejado, vivencia o tédio e quase que imediatamente a vontade se manifesta novamente por meio de um novo desejo. Para estancar essa sensação de infelicidade Schopenhauer, talvez influenciado pelo budismo, defende o desapego. Em seguida cito Nietzsche e sua noção de que todos nós estamos caindo em um abismo. A única opção de escolha diante dessa fatalidade é despencar se lamentando ou então dançando. A morte é uma realidade que mais cedo ou mais tarde atingirá todos os seres humanos e, desta forma, é inevitável. Então só nos restaria a opção pela vida, mas pela vida presente, vivendo-a como se fosse uma eternidade e, ao mesmo tempo, fortalecermos nosso corpo e nosso espírito por meio do exercício do "amor fati" incondicional. A vida presente é a única vida possível para nós. Eis a possibilidade do além do homem. Cultivar uma moral dos senhores é fundamental pois, por meio dela, desenvolveremos a coragem, a bravura, a força e a capacidade de andar pelo mundo com a cabeça erguida, mesmo que diante das mais terríveis intempéries. Passo em seguida para Kafka e seu conto "A metamorfose". Gregor trabalha para sustentar sua família. Seu pai endividado o obriga a se empregar para o homem para quem ele deve. Mas o próprio pai não trabalha. Sua irmã quer aprender a tocar violino e precisa de dinheiro para pagar as aulas. Então Gregor trabalha para sua irmã ser feliz. E ele, quase que intantaneamente, se transforma em uma barata. Ele foi transformado em uma barata pela opressão familiar? Se quisesse poderia ter dito "não". Negar a "ética do dever", que nos remete ao imperativo categórico kantiano e abraçar a "ética do querer" é a única possibilidade para não nos deixarmos transformar em baratas. Procuro estabelecer relações entre os autores que, além do mais, são todos materialistas. Em seguida cito Sartre e digo que somos todos condenados à liberdade, mesmo na omissão, pois as escolhas são de nossa inteira responsabilidade e não há nada dentro ou fora de nós, como um mandamento divino ou uma lei moral, que legitime nossas escolhas. Isso nos angustia, quando temos consciência dessa realidade, mas ao mesmo tempo nos permite a liberdade. É claro que o pensamento ético sartriano não termina aqui e, digo mais, mal começa aqui, mas se faz necessário uma abordagem sumária que, nesse caso, serve para instigar o leitor. Depois cito Camus e "O mito de Sísifo". A vida é absurda e, para vivê-la, temos que ser heróis absurdos. Não se deve negar a vida, mas afirmá-la incessantemente. Talvez exista alguém que mal conhecemos que está disposto a nos ajudar a empurrar a pedra de Sísifo até o alto da montanha. Termino com Sponville que afirma que só temos o presente. Em relação ao passado, gratidão e misericórdia e, em relação ao futuro, desespero, ausência de esperança, não viver no futuro, porque senão nós não seremos capazes de usufruir o presente. A única felicidade que podemos ter é a felicidade possível, em função de nossas condições momentâneas subjetivas e objetivas. Enfim, não desejar demasiadamente o que não temos, mas desejar muito, mas muito mesmo o que temos...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Pouso Alto...















Pouso Alto... cidade encrustrada nas montanhas de Minas. Muito antiga e que ainda preserva prédios do século XIX. Cidade em que meu pai nasceu. Tem um significado muito especial para mim. Raízes... Para mim é fundamental rever sempre as raízes, refletir sobre elas, a família, a história, a dolorosa verdade, segundo Sponville. Meu avô, pai de meu pai, Clovis, saiu de Campos dos Goitacazes para viver em Pouso Alto nos anos 20 do século passado. Lá conheceu minha avó. Áurea era o seu nome. Ele era descendente de europeus, numa mistura de francês e português. Era alto, com olhos claros e um porte nobre. Soutto Mayor... Minha família, isto é, os mais tradicionais, consideram essa ascendência importante e gloriosa. De minha parte, considero as dificuldades de meu avô em se adaptar a uma cidade pequena do sul de Minas, a luta diária com o trabalho, a pobreza e a necessidade de cuidar zelozamente de sete filhos (eram nove, mas dois morreram). Ela uma bugre, Dias seu sobrenome, de origem negra e indígena. Nasceu em Uberaba, também em Minas, mas no Triângulo. Não poderia haver mais brasilidade na junção desses dois contrates que tanto marcam a história social do Brasil. A tal parte familiar tradicional nem se quer faz referência a essa ascendência. Por outro lado, tenho orgulho de minhas raízes negras e ameríndias herdadas de minha avó. Ela morreu no parto do seu nono filho. Tinha somente 31 anos. Os partos no início do século passado eram arriscados e as mulheres tinham que jogar com a sorte para sobreviverem nas mãos da parteira. O ano era 1940... Meu avô ficou sozinho, tendo apenas alguns poucos parentes do lado de minha avó para ajudá-lo a educar as crianças que sobreviveram, e meu pai era uma delas, ainda com seis anos de idade e, ao mesmo tempo, encontrar apoio para seu sofrimento pela perda de sua amada esposa. Não conseguiu suportar. A dor e a saudade, o sacrifício e a luta diária, as doenças o levaram cedo também, dois anos após a morte de minha avó, em 1942. Ele tinha 41 anos de idade apenas. As crianças ficaram órfãs de pai e mãe. Meu pai só tinha oito anos de idade. Cada um dos irmãos foram adotados por famílias diferentes que mantinham elo de relacionamento entre si. Mas antes de ser adotado, meu pai foi morar com um tio, irmão de minha avó, em uma fazenda. Nunca mais me esquecerei de ouvir meu pai me contar sobre a saudade de andar à cavalo nas colinas mineiras. Foram apenas dois anos. Aos dez já não estava mais em Pouso Alto, perto dos riachos, colinas, árvores e dos cavalos. Já tinha ido para São Paulo. E assim a vida prosseguiu. Cada um dos irmãos sendo cuidado por famílias diferentes, em cidades diferentes, sem contato e guardando dentro do peito a saudade dos pais mortos e dos outros irmãos. Mais uma vez Sponville: felicidade desesperadamente... Sentei no túmulo de meus avós e chorei, chorei muito, de profunda emoção, naquele pequeno cemitério de Pouso Alto. Uma campa simples, com uma tabuleta metálica onde está escrito o nome dos dois: Clovis e Áurea. Acho que ninguém mais visita a campa de meus avós, depois da morte de meu tio Oswaldo há alguns anos atrás. Estive lá, não só para reverenciar a memória desses dois seres que sofreram aquilo que a vida reserva a cada um de nós, mas especialmente para lembrar meu pai. O imaginei pequeno ainda, andando e brincando nas ruas de pedras da cidade, comendo um doce comprado na padaria ou feito em casa, junto com seus irmãos... Só restou uma coisa de tudo isso: saudade... É disso que somos feitos, é para isso que somos feitos... Nada mais importa, porque a felicidade só é possível na ausência da esperança... Amanhã recomeço a vida...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Criação imperfeita...




Terminei de ler o mais recente livro do Marcelo Gleiser, renomado físico brasileiro que leciona nos Estados Unidos e colabora com artigos na Folha de São Paulo todos os domingos. O livro é uma provocação reflexiva sobre o cosmo, a vida e o código oculto do universo, como se refere o próprio autor ao subtítulo do livro "Criação Imperfeita", publicado pela Record.

Adorei a análise, bastante didática aliás, do autor sobre a relação entre Pitágoras, o monoteísmo (judaísmo, cristianismo e islamismo) e as diversas tentativas científicas de se encontrar uma unidade cósmica. Em relação a Pitágoras, considerado pela tradição filosófica como um pré-socrático, temos a questão da matemática, em especial a geometria e mais especialmente ainda o círculo, enquanto uma idéia perfeita e simples. O quanto seu pensamento, hoje reduzido a comentaristas e talvez a fragmentos, influenciou Platão em sua teoria das Idéias. Trata-se da questão do movimento intelectual da abstração dos entes materiais em conceitos simples e perfeitos. É a visão que o filósofo encontra ao sair da caverna, citada no livro "República". Já o monoteísmo, que remonta segundo documentos históricos a Akenaton no Antigo Egito por volta de 1350 a.C. procura, de forma mítica, na figura de um Deus único (e daí surge a intolerância religiosa que tem até hoje provocado tantas guerras e violências) o demiurgo platônico, o Criador do que existe. Do ponto de vista cultural e histórico, essa busca pela unicidade contaminou a ciência a tal ponto que ainda hoje, talvez na mesma proporção que no século XVI ou XVIII, levou a concepções como o "Deus relojoeiro" de Voltaire ou a hipótese de Stephen Halkins sobre a criação do "Big Bang". Gleiser se comporta como Michel Onfray na Filosofia, realizando uma contra-história. Enquanto Onfray prefere os materialistas e hedonistas, Gleiser sugere como fundamento da "criação" e da "existência", inclusive e principalmente a nossa (denominada por ele de "humanocentrismo"), a imprevisibilidade, a imperfeição, o acaso que, tomado como exemplo, pode ser simplificado no movimento aleatório das partículas atômicas.

Querer uma teoria da perfeição ou uma idéia de um Deus perfeito, que deve ser relacionadas a visão pitagórica e platônica de que a verdade está na beleza (perfeição), é uma hipótese que deve ser descartada a despeito de tantas contra-provas científicas em vários campos do conhecimento.

Eleger a imperfeição significa abrir espaço para a individualidade, para a possibilidade criativa, contra o determinismo e, desta forma, no campo ético, investir na frase de Nietzsche em "Assim Falava Zaratustra" de que somente quem é ave pode voar sobre o abismo...

sábado, 10 de julho de 2010

Flores e vermes: a eternidade...




A filosofia não é uma viagem nas nuvens e aquele que se dedica a ela não é um ser poético, no sentido da poesia enquanto uma vertigem. A filosofia é a vida. É a dedicação de um tempo todo à reflexão sobre si mesmo e sobre o mundo. É a busca do(s) sentido(s), que não são imanentes à natureza, mas que são atribuídos por nós mesmos e, desta feita, sem qualquer legitimidade externa. A única legitimidade possível é o desejo de que aquilo que nos dá algum sentido para viver é resultado de nossa escolha. Creio que existem dois tipos de filósofos. Aqueles que atribuem ao ser e ao mundo um sentido metafísico e aqueles que entendem que o ser e o mundo são materiais. Não é fácil fazer qualquer escolha sobre um dos dois grupos. Não dá para descartar a genialidade de Platão, de Kant, de Hegel etc e, ao mesmo tempo, não dá para negar a vitalidade, o desejo de vida, presentes em um Demócrito, em um Epicuro ou mesmo em Nietzsche. São extremos da história do pensamento filosófico. Porém, quando me deparo com questões cotidianas de escolhas a serem realizadas, fico tentado a fazer a opção pela vida. Isso significa levar à sério o que Bentham ou Mill disseram a respeito do utilitarismo. Para os apressados, o termo utilitarismo não tem qualquer relação com consumismo ou capitalismo, a um certo pragmatismo vulgar. Pelo contrário, o utilitarista é alguém que leva em consideração as consequências de suas ações no sentido de maximizar o bem, o alegre, o prazer e a felicidade para a maior quantidade de pessoas possível, tendo como pano de fundo uma preocupação qualitativa sobre essas sensações, o que muitas vezes torna difícil classificar, mas que deve nortear a reflexão. Em uma equação simplista, é preferível um prazer mais prolongado e menos intenso do que um prazer imediato e rápido e mais intenso; ou então é preferível um prazer a um desprazer qualquer. Para tanto, deve-se levar em consideração o sensualismo. O corpo sente e isso é um fato. Demócrito e Leucipo acreditavam que a verdade é atômica: átomos e vazio. A combinação dos átomos, que possuem diferenças entre si, é que se traduz no fenômeno, aquilo que se vê ou que se toca. O vazio é o não-ser, o espaço necessário para a conjunção dos átomos e das moléculas. Não há mais nada além desse materialismo. Em questões de ética, não há o que temer. A vida é uma só e não há além-mundo. Mas essa vida, a que temos, pode ser levada de maneira sensata ou não. E isso é uma questão particular para a humanidade. Por essa razão citei os utilitaristas anglo-saxões do século XIX. Se então a morte é a desintegração atômica não há com o que se preocupar. É o sono sem sonho. O descanso, afinal. Mas há a eternidade e ela está justamente nas novas possibilidades de combinações atômicas. Como não há, a priori, uma hierarquia entre os seres vivos, não há porque desvalorizar minha eternização em uma flor ou em um verme que incorporem alguns de meus átomos. A coisa é, a princípio, mais simples do que se pensa.