
Minha amiga Sonia, que tanto prezo, me mandou a imagem acima. Como ela é Pedagoga e especialista em Educação e logo estará se doutorando pela Ufscar, levo a sério toda e qualquer manifestação que faz a respeito desse assunto. Permito-me tecer algumas reflexões sobre a imagem. Há quarenta anos atrás os pais, ao lado da professora autoritária, questionam o filho humilhado sobre as notas que tirou. Hoje, em 2009, os pais, aliados do filho arrogante, questionam a professora: como a senhora (ou você mesmo!) teve a coragem de dar essas notas para meu filhinho?
Pois bem, fora o humor presente na gravura, há uma questão muito importante para ser analisada. Como a família, o aluno e o professor percebem a nota da avaliação?
Penso que se dá muita importância para notas. Em uma sociedade competitiva e individualista, todos querem ser os primeiros e, desta forma, tirar a melhor nota não significa ter mais conhecimento, mas ser superior aos outros alunos. Esse é o retrato de satisfação da nota tirada na escola.
Porém, o que a sociedade não percebe, e muitos educadores também não, é que a nota é um dado quantitativo, uma representação apenas, do que deveria ser um processo de avaliação contínua da aprendizagem. Na verdade a escola poderia passar muito bem sem as notas. Quero dizer com isso que o educador deve realizar seu trabalho ensinando e avaliar, constantemente, os seus alunos para verificar se ocorreu ou não a aprendizagem. Não ocorrida a aprendizagem, deve-se dar a oportunidade do aluno recuperar, ou seja, ter novamente o ensino, de forma criativa e modificada, para a realização da aprendizagem. O professor quer que o aluno aprenda! O professor não quer que o aluno "tire nota"!
Depois da recuperação, nova avaliação e se for constatada a aprendizagem o aluno será aprovado e fim de papo. A nota, um número qualquer, incentiva a competição entre os alunos e dá ao professor que não sabe avaliar um poder que não lhe cabe.
Para quê o professor quer ter esse poder? Para sublimar suas frustrações pessoais ou se sentir superior aos outros? Que bobagem... O professor deve se satisfazer com o aprendizado de seu aluno. Não tem cabimento um professor se regozijar ao dizer para os demais colegas que "deixou" a maioria dos alunos para exame! Isso é um absurdo, para não dizer uma psicopatia...
Enfim, tanto no quadrinho de 1969 quanto no de 2009 há um grande equivoco. Nota não serve para nada de relevante. O que realmente importa é a aprendizagem e ao professor cabe verificar constantemente se seu aluno está aprendendo por meio de avaliações e, se isso não for constatado, dar a ele a oportunidade de se recuperar, de aprender realmente e, para verificar se isso foi conseguido, novas avaliações. A avaliação deve ser uma aliada do professor no processo de verificação da aprendizagem do aluno.
Caro Amigo Paulo,
ResponderExcluirObrigada, primeiramente pela consideração em postar no seu blog essa foto. Queria pedir licença e tecer um comentário também, somos seres-humanos e, constantemente damos valores às coisas, às situações, às pessoas...e na educação escolar, como professores, a História da Educação Brasileira mostra-nos que a "prova" por um grande período de tempo foi uma "arma" do professor contra o aluno, que acuado pelo medo de reprovação, mostrava-se dócil, meigo, educado, "tinha respeito", enfim, se colocava numa situação de defesa do fato de ter que "passar de ano" e não podia ficar "marcado" pela professora que tinha às mãos o "míssel" certeiro da nota. Na década de 90 é banida da educação básica a "prova" e surge então, a "revanche" dos alunos(é o que mostra a 2a figura)pois a família que antes era aliada à escola, agora se põe a favor, incondicional dos seus filhos e contra à escola, ao professor. Vivemos no início do século XXI, o "reinado da infância e da adolscência". Instituições como família e escola estão "acuadas" frente a ditadura infanto-juvenil. A Família omissa, na maioria dos casos, intimidada pelo Estado(ECA), acaba se omitindo do seu papel de educar os filhos nos valores éticos e morais, à escola se omite da educação das crianças quando deixa de ENSINAR, coagida pelas políticas publicas(progressão continuada, sistema de avaliação do Estado, bônus...) e também coagida pela corrente de ensino-aprendizagem Construtivista, que corroborou para tirar do professor o seu papel na esola: O DE ENSINAR.
Bom, "pra encurtar a conversa",me reporto a Profa. Dra.Alessandra Arce(uFSCAR), que afirma:
"Ser criança no Brasil (...)marcou-se por um caminho tortuoso, principalmente quando falamos das crianças pertencentes as camadas pobres da população. O final do século XX e início do século XXI surgiram marcados pela renovação da essência da concepção de infância presente no Movimento das Escolas Novas. A infância brasileira foi reconhecida como possuidora de direitos, entretanto, o direito a uma educação de qualidade ainda é questionável, bem como o acesso a essa categoria de sujeito de direitos. Não podemos negar que caminhamos na direção do reconhecimento da infância e da criança brasileira, contudo, ainda usamos véus para defini-la e educá-la."(Sociologia da Criança e da Infância II-Guia de Estudos, unidade III,uab-ead/ufscar,2008)
Abraço amigo Paulo.
São João da Boa Vista.
Inverno de 2009