sexta-feira, 15 de julho de 2011

O ensino superior está encrencado

O Álvaro Dias, senador do PSDB pelo Paraná, apresentou um projeto de lei que suprime a exigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 30% de mestres e doutores nas universidades. Trinta por cento já é pouco se compararmos com as universidades européias e norte-americanas, mas é alguma coisa ainda. Por outro lado, como 70% dos professores não precisam ter titulação de pós-graduação, tem espaço para a contratação de profissionais com notório saber para lecionar nas universidades, mas que não possuem diploma de mestrado e doutorado. Então cabe uma pergunta: A quem atende tal projeto?
As universidades, centros universitários e faculdades privadas, que dominam o cenário do ensino superior no Brasil, ofertando quase 80% das vagas, querem reduzir custos com contratação de professores, para poderem ter mais lucros. Nunca é de menos lembrar que uma empresa privada, em qualquer ramo, inclusive a educação, tem por objetivo primordial ter lucro, ganhar dinheiro. Esse projeto do Álvaro Dias, se aprovado, permitirá que as instituições de ensino privadas demitam todos os professores com mestrado e doutorado, para poderem contratar somente graduados, com salários muito mais baixos, para auferirem cada vez mais lucros.
Quem perde com isso é a educação superior no Brasil, já em franca decomposição por ausência de pesquisa e de produção de conhecimento e, agora, estará à mercê de um exército de profissionais com falta de competência intelectual, e com isso o nível de ensino ficará cada vez pior.
Se somarmos a esse fato a tragédia que é o ensino básico, fundamental e médio, incapaz de formar jovens com o mínimo de capacidade reflexiva, teremos uma verdadeira catástrofe no ensino do país.
Onde o lucro prepondera e a vulgarização da inteligência é uma necessidade utilitária, só podemos reconhecer que não sobrará pedra sobre pedra. O Brasil, que está em uma posição muito baixa em comparação a outros países no campo educacional e científico irá ficar em situação pior. O país cada vez mais dependerá da produção de conhecimento em outros países, em uma relação de dependência endêmica, crônica, que ao invés de gerar frutos, retira do país riquezas na forma de conhecimento.
Vamos ver até que ponto o lobby das instituições privadas irá ter força para convencer o Congresso Nacional a aprovar tal projeto de lei. Só espero que, mesmo que o Congresso aprove, a presidente Dilma vete o projeto. É o mínimo que pode acontecer e isso está agora nas mãos dos legisladores e do executivo.

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