quinta-feira, 9 de julho de 2009

Educação, avaliação e notas


Minha amiga Sonia, que tanto prezo, me mandou a imagem acima. Como ela é Pedagoga e especialista em Educação e logo estará se doutorando pela Ufscar, levo a sério toda e qualquer manifestação que faz a respeito desse assunto. Permito-me tecer algumas reflexões sobre a imagem. Há quarenta anos atrás os pais, ao lado da professora autoritária, questionam o filho humilhado sobre as notas que tirou. Hoje, em 2009, os pais, aliados do filho arrogante, questionam a professora: como a senhora (ou você mesmo!) teve a coragem de dar essas notas para meu filhinho?
Pois bem, fora o humor presente na gravura, há uma questão muito importante para ser analisada. Como a família, o aluno e o professor percebem a nota da avaliação?
Penso que se dá muita importância para notas. Em uma sociedade competitiva e individualista, todos querem ser os primeiros e, desta forma, tirar a melhor nota não significa ter mais conhecimento, mas ser superior aos outros alunos. Esse é o retrato de satisfação da nota tirada na escola.
Porém, o que a sociedade não percebe, e muitos educadores também não, é que a nota é um dado quantitativo, uma representação apenas, do que deveria ser um processo de avaliação contínua da aprendizagem. Na verdade a escola poderia passar muito bem sem as notas. Quero dizer com isso que o educador deve realizar seu trabalho ensinando e avaliar, constantemente, os seus alunos para verificar se ocorreu ou não a aprendizagem. Não ocorrida a aprendizagem, deve-se dar a oportunidade do aluno recuperar, ou seja, ter novamente o ensino, de forma criativa e modificada, para a realização da aprendizagem. O professor quer que o aluno aprenda! O professor não quer que o aluno "tire nota"!
Depois da recuperação, nova avaliação e se for constatada a aprendizagem o aluno será aprovado e fim de papo. A nota, um número qualquer, incentiva a competição entre os alunos e dá ao professor que não sabe avaliar um poder que não lhe cabe.
Para quê o professor quer ter esse poder? Para sublimar suas frustrações pessoais ou se sentir superior aos outros? Que bobagem... O professor deve se satisfazer com o aprendizado de seu aluno. Não tem cabimento um professor se regozijar ao dizer para os demais colegas que "deixou" a maioria dos alunos para exame! Isso é um absurdo, para não dizer uma psicopatia...
Enfim, tanto no quadrinho de 1969 quanto no de 2009 há um grande equivoco. Nota não serve para nada de relevante. O que realmente importa é a aprendizagem e ao professor cabe verificar constantemente se seu aluno está aprendendo por meio de avaliações e, se isso não for constatado, dar a ele a oportunidade de se recuperar, de aprender realmente e, para verificar se isso foi conseguido, novas avaliações. A avaliação deve ser uma aliada do professor no processo de verificação da aprendizagem do aluno.

Um comentário:

  1. Caro Amigo Paulo,

    Obrigada, primeiramente pela consideração em postar no seu blog essa foto. Queria pedir licença e tecer um comentário também, somos seres-humanos e, constantemente damos valores às coisas, às situações, às pessoas...e na educação escolar, como professores, a História da Educação Brasileira mostra-nos que a "prova" por um grande período de tempo foi uma "arma" do professor contra o aluno, que acuado pelo medo de reprovação, mostrava-se dócil, meigo, educado, "tinha respeito", enfim, se colocava numa situação de defesa do fato de ter que "passar de ano" e não podia ficar "marcado" pela professora que tinha às mãos o "míssel" certeiro da nota. Na década de 90 é banida da educação básica a "prova" e surge então, a "revanche" dos alunos(é o que mostra a 2a figura)pois a família que antes era aliada à escola, agora se põe a favor, incondicional dos seus filhos e contra à escola, ao professor. Vivemos no início do século XXI, o "reinado da infância e da adolscência". Instituições como família e escola estão "acuadas" frente a ditadura infanto-juvenil. A Família omissa, na maioria dos casos, intimidada pelo Estado(ECA), acaba se omitindo do seu papel de educar os filhos nos valores éticos e morais, à escola se omite da educação das crianças quando deixa de ENSINAR, coagida pelas políticas publicas(progressão continuada, sistema de avaliação do Estado, bônus...) e também coagida pela corrente de ensino-aprendizagem Construtivista, que corroborou para tirar do professor o seu papel na esola: O DE ENSINAR.
    Bom, "pra encurtar a conversa",me reporto a Profa. Dra.Alessandra Arce(uFSCAR), que afirma:
    "Ser criança no Brasil (...)marcou-se por um caminho tortuoso, principalmente quando falamos das crianças pertencentes as camadas pobres da população. O final do século XX e início do século XXI surgiram marcados pela renovação da essência da concepção de infância presente no Movimento das Escolas Novas. A infância brasileira foi reconhecida como possuidora de direitos, entretanto, o direito a uma educação de qualidade ainda é questionável, bem como o acesso a essa categoria de sujeito de direitos. Não podemos negar que caminhamos na direção do reconhecimento da infância e da criança brasileira, contudo, ainda usamos véus para defini-la e educá-la."(Sociologia da Criança e da Infância II-Guia de Estudos, unidade III,uab-ead/ufscar,2008)

    Abraço amigo Paulo.
    São João da Boa Vista.
    Inverno de 2009

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